20/09/2011

A  ARTE  DO  VITRAL
OS CONRADO


Vista frontal dos dois painéis de vitrais da FAAP

Dia de sol em São Paulo... único requisito para que, certamente, aconteça um dos mais interessantes e belos espetáculos da cidade, desde 1960. Com início entre quatro e quatro e meia da tarde, e finalizando junto com o pôr-do-sol, quem já viu não se esquece... são os Vitrais da FAAP acendendo-se numa profusão de luzes e cores... invadindo e encantando o hall de entrada da Fundação Armando Álvares Penteado, no bairro de Higienópolis.
São mais de 350 metros quadrados de vitrais deixando a luz do sol fluir através de centenas de milhares de pedaços de vidro colorido.

Divididos em dois painéis, os vitrais em suas infindáveis matizes, tons e nuances de todas as cores, representam juntos, uma floresta tropical e são de autoria da artista plástica Cláudia Andujar.

O painel da escadaria é composto de 216 quadrados, de um metro cada, e para a sua execução foi utilizada a técnica tradicional, que consiste em cortar pedaços de vidro colorido, e depois juntá-los com filetes de chumbo.



Fotos dos vitrais da escadaria em tarde ensolarada acima e  abaixo sem a inscidência de luz do sol.


Já no painel da clarabóia no teto, são 121 quadrados do mesmo tamanho, mas a técnica utilizada foi outra, já que a artista responsável não queria que a junção fosse feita com chumbo. Optou-se então pela colocação dos pedaços de vidro colorido, entre duas camadas de vidro translúcido.


Os vitrais da FAAP foram cuidadosamente executados pela Casa Conrado, sendo que 58 deles, são projetos assinados por artistas brasileiros renomados, como Lasar Segall, Portinari, Pennacchi e Tarsila do Amaral, entre outros.

A Casa Conrado foi fundada em 1889, pelo alemão Conrado Sorgenicht (1835-1901), que instituiu a produção de vitrais com a qualidade dos importados da Europa. O fundador da empresa não desenhava, importava os vidros coloridos e os colava como aprendeu em sua terra natal, seguindo os exemplos encontrados nas igrejas góticas da Alemanha.
Já seu filho, Conrado Sorgenicht Filho (1869-1935), foi quem realmente exibiu talento artístico e impulsionou a vidraria. Dessa maneira, conseguiu colocar a empresa como a única com capacidade de fornecer e executar o melhor vitral do país.

O engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo, reconheceu a qualidade e excelência dos vitrais Conrado, e estabeleceu uma parceria com a empresa, para que os vitrais pudessem adornar os principais projetos públicos da cidade.


Faculdade de Direito Largo São Francisco


Palácio das Indústrias

 

 

Mercado Municipal
Uma curiosidade, os vitrais do Mercadão, foram levantados em 1932, mas sofreram com vidros quebrados por tiros durante a Revolução Constitucionalista, reparados em seguida, já estavam perfeitos para sua inauguração no ano seguinte. Os vitrais do Palácio da Indústria são de 1924, enquanto que os da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e os da Casa das Rosas, são de 1934.




Adalberto Conrado -(vovô Tito) no Hospital Beneficência Portuguesa


Regina Lara Silveira Mello, é neta de Conrado Adalberto, que por sua vez era neto do fundador da Casa Conrado, e é também vitralista.  Atualmente, ela prepara o Guia dos Vitrais de São Paulo, que visa catalogar todos os 600 trabalhos da família Conrado, inclusive o  mais antigo deles no Brasil, uma rosácea da Igreja Luterana, na Avenida Rio Branco.
Regina explica que vitral é uma arte cara, demorada e está em extinção. Fala ainda com pesar do desgosto do avô,  ao saber da substituição dos vitrais da Igreja Nossa Senhora do Brasil, por réplicas em acrílico. Regina Lara Silveira Mello é professora da Universidade Mackenzie e ensina sobre a história dos vitrais.

É bom saber que a empresa Conrado ainda existe, mesmo sem o reconhecimento e a demanda de trabalho do passado, que está na quarta geração no Brasil, e executa serviços de restauração, como nos vitrais do Teatro Municipal de São Paulo.



Alguns dos muitos painéis do Teatro Municipal

Os vitrais da FAAP, assim como os do Mercado Municipal, da Catedral da Sé e tantos outros, compõem o acervo de mais de cinquenta conjuntos de vitrais instalados em São Paulo, além de igrejas e mansões. Ou seja... é muita coisa, e com certeza, já nos deparamos com algum deles em algum momento de nossas vidas, até porque, quase todos os locais mencionados são públicos e têm visitação gratuíta. Então, da próxima vez que olhar para um vitral em São Paulo, lembre-se que é uma arte extremamente delicada, minuciosa, milenar, quase extinta... que pode ter sido feito pela Casa Conrado e fazer parte da história da arte do
Brasil.




 
Vista parcial dos painéis da Catedral da Sé






Um dos painéis


Fontes:
Apenas um pequeno detalhe de um dos painéis.


Acessoria de Imprensa da FAAP

Regina Lara Silveira Mello


19/03/2011

Lazer e Cultura - MAS - Museu de Arte Sacra de São Paulo





Mosteiro da Luz - Bairro da Luz - São Paulo






Roteiro Cultural - As melhores opções de lazer e cultura de São Paulo e ABC

O MAS - Museu de Arte Sacra de São Paulo - encontra-se instalado, desde 1970, nas dependências do Mosteiro da Luz que, por sua vez, já é um marco histórico da cidade, considerado um dos mais importantes monumentos arquitetônicos coloniais paulistas do século XVIII. Foi construído em taipa de pilão, técnica que pode ser visualizada em certo trecho da construção, e possuí ainda as peças do mobiliário utilizado pelos monges logo após sua fundação.

O Mosteiro da Luz, que foi tombado em 1943 pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e por decisão da UNESCO, em 1988, passou a pertencer ao “Patrimônio Cultural da Humanidade”, foi fundado em 1774 pelo frei Galvão.

Frei Antonio de Sant’Anna Galvão, ou somente frei Galvão como é mais conhecido, entre 1785 e 1788 escrevia orações em pequenos pedaços de papel para as pessoas que solicitavam sua ajuda. Enrolava-as em forma de “pílulas” e ele próprio as distribuía. Ainda hoje as pílulas são confeccionadas pelas irmãs enclausuradas do Recolhimento de Nossa Senhora da Divina Providência (Mosteiro da Luz) e distribuídas gratuitamente aos fiéis, cerca de 5 mil por dia e, uma curiosidade, nelas está escrito: “Após o parto, ó Virgem mãe de Deus, permaneceste inviolada. Intercede por nós”.

"Presépios do Mundo", com destaque para o presépio napolitano; é uma das mostras permanentes do acervo do MAS, e conta com  130 presépios de diversos países e regiões do Brasil.
A ideia de um “Museu de Presépios” teve início em 1949 quando Francisco Matarazzo Sobrinho, o Ciccillo, trouxe da Itália um exemplar do precioso presépio napolitano do século XVIII, semelhante aos do Palácio Real de Nápoles e da Basílica de São Cosme e Damião.

Foto do Presépio Napolitano



Detalhe da vida cotidiana de Nápoles

Esse presépio, o napolitano, é o que mais se destaca na coleção, com 1620 peças do século XVIII é um dos mais raros e maiores conjuntos do gênero existentes no mundo, comparável apenas ao do Museu de Nápoles e do Metropolitan Museum - NY.

Uma característica muito interessante do presépio napolitano, é que ele foi realizado obedecendo a ordem da perspectiva de forma que, a partir do segundo plano e assim por diante, todas as figuras humanas, construções e objetos vão diminuindo de tamanho até que, em último plano, ficam bem pequeninas, dando a impressão de profundidade na paisagem.

Detalhes das Miniaturas







Lembrando ainda que a arte da montagem de presépios nasceu em 1233, em Greccio, pequena cidade da Itália central, onde São Francisco de Assis idealizou uma representação teatral do nascimento de Jesus, conhecido como o primeiro presépio vivo.

O Museu de Arte Sacra de São Paulo tem acervo de cerca de 4.000 peças, do século XVI ao XIX, provenientes das principais igrejas e capelas do Brasil, além de obras de arte sacra de outros países como: prataria e ourivesaria religiosas, telas, mobiliário, retábulos, altares, sacrários e relicários, vestimentas sacras e livros litúrgicos raros, que o tornam o maior museu do gênero no país.

Menino Jesus, Maria e José


A coleção de lampadários do MAS é linda e é a segunda maior do mundo em variedade, perdendo apenas para o Museu do Vaticano. Importante também é a coleção de ícones russos, numismática, medalhística militar e pontifícia.



Teresa D'Ávila
 
Nossa Senhora das Dores
























O MAS abriga ainda obras de frei Agostinho da Piedade (1580-1661), escultor ceramista português e seu discípulo, frei Agostinho de Jesus (1600 ou 1610-1661), nascido no Rio de Janeiro e tido como o “primeiro artista realmente brasileiro” ambos da ordem beneditina. As obras de outros artistas como Manuel da Costa Athayde (1762-1830), Mestre Valentim e Padre Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819), assim como de Antonio Francisco de Lisboa – o “Aleijadinho”, também fazem parte do acervo. O museu ainda possui obras de autoria de Benedito Calixto e Anita Mafaltti. Com certeza, o MAS é uma grande opção de lazer cultural.